10 de maio de 2011

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS!

Meu texto nada tem a ver com cristianismo e está longe da metafísica.
Para a maioria das pessoas, inclusive as intelectualizadas, o futebol é apenas um esporte e mesmo tão mercantilizado não passa no máximo de um espetáculo justamente lucrativo e que escusamente só é utilizado para enriquecer alguns.
A imprensa já publica com muita freqüência e quantidade os casos de roubo, enriquecimento ilícito e falcatruas diversas, normalmente tendo como tema, dinheiro que esse ou aquele tenha amealhado de modo fraudulento.
O que o grande público não tem acesso e por ser um produto que vende também jornais, propagandas na TV, dividendos aos empresários, não faria o mínimo sentido que quem tanto lucra com o futebol, fosse portador de notícias tão desnorteadoras.
O fato é que sendo um grande mobilizador de massas, o futebol tem seu papel político e ideológico nada difundido e veiculado na mídia e pouco estudado na academia. Os parcos trabalhos não tem a difusão que merecem.
Cabe aos grandes times de massa, principalmente Flamengo e Corinthians (sozinhos somam quase metade da população brasileira) servirem como válvula de escape aos anseios reprimidos, às necessidades negadas da grande massa explorada de nossa população. A paixão é exacerbada ao extremo, o que deveria ser entretenimento inofensivo é uma grande forma de desviar o olhar dos verdadeiros problemas que tanto afligem nosso povo mais pobre.
Perdemos no salário, na saúde, na educação, mas ganhamos quando nosso time ganha. Ganhamos com ele, somos ele.
Se podemos ser vitoriosos, não o seremos na luta coletiva, em nossos sindicatos e partidos, mas quando nos miramos nos atletas milionários (menos de 1% dos jogadores profissionais), única via para “vencer na vida” para milhões de jovens e seus familiares. Quando não somos o protagonista em campo, o somos na torcida, seja no estádio (coisa para poucos) seja vidrado em milhões de televisores espalhados por cada casebre do país.
Mas como a classe dominante não se contenta em dominar apenas pela ideologia, domina também coercitivamente.
Recentemente durante o carnaval, a banda que animava o baile popular em Conceição de Jacareí foi impedida de tocar os hinos de outros clubes de futebol, que não fosse o do Flamengo. Nas escolas de periferia, as crianças são ridicularizadas e até perseguidas se não torcerem para esse time e assim sucessivamente.
Torcedores, atletas e dirigentes se sentem acima do bem e do mal por se dizerem desse time.
Hoje mais um episódio de intolerância no jogo de basquetebol envolvendo o time de Franca e Flamengo. Um atleta de Franca pressionado pela marcação adversária, finta com uma bola por entre as pernas de um oponente e eis que uma luta campal é iniciada por atletas do clube carioca.
Não é fato isolado. Há uns dois anos um atleta desse mesmo clube partiu para cima do atleta Maicosuel do Botafogo por esse tê-lo driblado, se achando no direito de determinar a forma como um adversário deve se portar em campo.
Recentemente o chefe da arbitragem carioca afirmou que era contra o uso do replay nas partidas para dirimir dúvidas entre os árbitros, argumentando que o que poderia acontecer se um gol do Flamengo fosse anulado com o uso dessa tecnologia.
O nazismo, a intolerância, a prepotência perigosa estão presentes nos desdobramentos do futebol brasileiro. Estão no meio de nós!