15 de março de 2010

DOMINGO É DIA DE FUTEBOL!

Na várzea, a diversão e a confraternização estão garantidas. Os times de pelada fazem a festa dos que jogam e dos que assistem. Um antigo professor da Escola de Educação Física da UFRJ dizia que aprendia muito vendo uma simples pelada num campo de terra batida e eu concordo plenamente. Há também na várzea jogos mais competitivos, que em muitos casos elevam as rixas às vias de fato, mas a diversidade e democracia que se observa nesse esporte e que o fez preponderante em nosso país é o que o tem feito se perpetuar em todos os estratos sociais.
No futebol profissional a paixão centenária leva milhares aos estádios (é certo que o apetite tão voraz de dirigentes, rede globo, agentes, etc. têm arrefecido o ânimo dos torcedores) e à frente da TV.
Ontem, porém o futebol de domingo dividiu espaço na televisão com o “esporte” mais escroto e politicamente incorreto que pode existir. Enquanto na globo a Fórmula 1 fazia sua estréia em 2010, na Bandeirantes a estréia era da Fórmula Indy. Em ambas as fórmulas o número de competidores brasileiros é enorme, o que serve como chamariz aos incautos.
Procurando algo interessante na telinha (não tenho TV à cabo) me deparei na Bandeirantes com um emocionado Luciano do Vale quase chegar às lágrimas com o hino estadunidense. Aquilo me embrulhou o estômago, principalmente quando sabemos o quanto se queima de combustível fóssil nessa brincadeirinha de menininho rico filhinho de papai e o quanto se poderia fazer com o que é gasto nisso.
Onde está a graça em ver carros girando em uma pista, muitas das vezes sem que identifiquemos carros ou pilotos?
O que tem o futebol de viabilizador de encontros, trocas e confraternização tem a corrida de carro de enfadonha e segregadora. O que tem o futebol de democrático e propiciador do protagonismo tem a corrida de carro de elitista e alienadora.
Para o capitalismo, que nos quer consumistas ao extremo, que tem incutido nas mentes e corações dos brasileiros que todos devemos ter um carro, a despeito da poluição, das vias engarrafadas, da degradação do transporte de massas e coletivo e da pauperização das reservas energéticas naturais, nada mais à calhar que essa profusão de fórmulas bilionárias, que nada tem de esporte, diversão e nada a ver com o domingo.

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