15 de agosto de 2010

PELO LIMITE DA PROPRIEDADE DA TERRA!

Para quem mora nas grandes cidades ou em volta delas pode se perguntar: o que eu tenho a ver com o tamanho que uma propriedade de terra tem ou deixa de ter?
Realmente para nós que vivemos afastados do campo, bastando ir ao supermercado do bairro para abastecer nossa despensa, pode parecer muito distante e desinteressante esse assunto. Mas existe muito mais relação entre o tamanho da propriedade rural com nossa vida cotidiana do que podemos imaginar. Vejamos!
Quando vamos ao mercado abastecer nossa despensa com feijão, arroz, frutas, legumes, café, açúcar e verduras, nos perguntamos quem são os responsáveis pela produção desses gêneros ?
Quando vemos filas tremendas nas portas das empresas, pedintes nas ruas, crescimento desordenado das favelas, nos questionamos como pode toda essa população tão concentrada em tão pequeno espaço geográfico?
Quando vemos na TV, grandes incêndios e derrubada de árvore na Amazônia, sabemos quem são os responsáveis e porque fazem isso?
Quando ficamos chocados lendo nos jornais mais um caso de trabalho escravo no Brasil, nos interessamos em saber em que propriedade isso ocorreu?
Quando noticia-se que mais um trabalhador rural, ou ativista sindical, ou um religioso ligado a luta pela terra foi bárbara e covardemente assassinado procuramos saber o motivo que levou à barbárie?
Todas as respostas a essas perguntas têm uma ligação intrínseca com o tamanho da propriedade rural e a reforma agrária.
Pouquíssimas coisas que compramos no mercado próximo à nossa casa são produzidas em grandes propriedades, ou como gosta de falar a grande imprensa, pelo agro-negócio.
A pequena propriedade é responsável por quase todo o feijão, arroz, milho, ovos, frangos, leite, mandioca que consumos no dia-a-dia.
Os grandes latifúndios preocupam-se com a exportação, nessas fazendas a produção é chamada debênture, não estão preocupados com a segurança alimentar de nossa população.
A grande propriedade rural ocupa cada vez menos mão-de-obra, enquanto que a pequena propriedade é responsável por 74 % de todos os trabalhadores do campo. Quanto mais se concentra a propriedade em menos mãos, mais trabalhadores deixam o campo, inchando as grandes cidades e suas periferias, engrossando o número de desempregados já tão grande nesses centros, carentes em infra-estrutura básica como: moradia, saúde, educação, saneamento, etc.
As queimadas e derrubadas, são provocadas em sua grande maioria para a abertura de espaço para o pasto e plantio de grãos para exportação e de espécies estranhas às florestas com o intuito de suprir as indústrias com pinus e eucalipto.
Grandes usinas de cana-de-açúcar têm sido descobertas utilizando trabalho escravo, de 1995 até hoje foram libertados quase 34 mil trabalhadores de grandes propriedades seja dessas usinas seja de outros latifúndios.
Nos últimos 25 anos, 1.546 trabalhadores foram mortos nos conflitos no campo. Somente 85 casos foram levados a julgamento e apenas 1 mandante de assassinato foi preso, o da Irmã Dorothy Stang, que teve enorme repercussão mundial. Somente a limitação do tamanho da propriedade da terra e a reforma agrária podem dar fim a esse verdadeiro genocídio.

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